
Segundo inúmeras pesquisas sobre o tema e plataformas virtuais operando com sucesso, o home office ou teletrabalho deve sair fortalecido após a pandemia. Um dos caminhos apontados por empresas de consultoria e coaching é um modelo híbrido, com home office em alguns dias da semana.
Esse momento de pandemia, ainda instável e preocupante, trouxe uma série de desafios para empresas manterem o quadro de funcionários, salários em dia e os lucros ativos. O home office, antes uma estratégia pontual de startups e grandes grupos, virou condição única em praticamente todos os negócios. A pergunta que muitos estamos nos fazendo é: após a pandemia, em que o trabalho remoto necessário muda para sempre as relações de trabalho? E os impactos na saúde, como podemos minimizá-los?
Já estamos verificando alterações na lei que regulamenta o trabalho remoto, com adaptações de contrato conforme a realidade da empresa e, claro, grandes desafios para empresas que gerenciam equipes. Conforme explica Andre Brik, especialista em trabalho remoto do Instituto Trabalho Portátil, as pessoas podem ficar até 20% mais produtivas no home office:
“Por mais que seja uma doença horrorosa, existe talvez esse legado. As empresas tiveram que experimentar o home office à força e vão perceber as vantagens, o quanto isso está dando de economia. Temos muitos depoimentos onde as empresas têm surpresas muito boas trabalhando em home office, porque as pessoas são mais protagonistas do que a gente imagina.“
Esse tipo de trabalho já estava em ascensão no País: o número de trabalhadores ocupados em regime de home office saltou 44,4% de 2012 a 2018. Os dados são do último levantamento do IBGE. Ao todo, 5,2% dos trabalhadores (fora funcionários do setor público e trabalhadores domésticos) faziam home office em 2018 – número recorde no Brasil. Isso significa que esse modelo de trabalho ainda tem potencial para crescer, e muito!

Vantagens e Desvantagens
Entre algumas vantagens, podemos citar:
- Flexibilidade de horários.
- Comodidade de não enfrentar trânsito.
- Redução de custos com água, energia, gás, aluguel, transporte e combustível.
- Espaços menores para execução de tarefas.
Uma empresa não precisa dispor de um espaço enorme, por exemplo, basta uma sala menor – podendo pensar em parcerias com espaços de coworking também, outro mercado em crescente expansão. A redução de custos depende de inúmeros fatores, incluindo quantidade de funcionários e segmento, mas a estimativa é de uma redução de custos de 15% a 20%, segundo André.
Dentre as desvantagens, estão:
- Dificuldade de conciliar o trabalho com as distrações domésticas.
- Falta de equipamentos necessários.
- Qualidade da internet.
- Investimento para atualização de aparelhos tecnológicos.
- Redução na interação entre colaboradores e, consequentemente, o aprendizado com colegas de trabalho.
Junto disso, do meu ponto de vista terapêutico, vejo que muitos têm dificuldade de seguir uma rotina com disciplina e horários pré-determinados – optando por isso pelo coworking – principalmente aqueles que possuem filhos, sendo mais difícil gerenciar e conciliar trabalho com casa e família. Incluso, ainda podemos ver a dificuldade na comunicação interna e na adaptação de certas famílias – o esgotamento emocional e o cansaço mental já se fazem presentes – além da dificuldade no gerenciamento adequado aos espaços individuais para estabelecer maior foco e concentração.
“Você vai ter que trabalhar com os recursos que tem, o mínimo para aguentar algumas horas de trabalho. Se você tiver crianças, você vai precisar se isolar para se concentrar, mesma coisa com pets”, diz Emerson Weslei Dias, consultor de carreira. Uma solução que tenho visto, ao conversar com pacientes e clientes com filhos, é utilizar-se do apoio de parentes, amigos e vizinhos – quando possível – para conseguir elaborar uma rotina com limites em casa, ou ainda para trabalhar em outros espaços, realizando parcerias e fazendo uso de espaços compartilhados, que seja por algumas horas – uma maneira de gerar concentração e manter os custos reduzidos ou controlados.

Saber Priorizar e Fazer Intervalos
O quadro de pandemia nos convida ao isolamento, quando na verdade as soluções encontram-se no apoio, na solidariedade e na união – reflitamos sobre isso para não nos isolarmos demais, pensando na saúde emocional, mental e psíquica, tendo em vista o aumento dos casos de depressão, ansiedade, insônia, angústia, suicídio, estresse e outros quadros. O que também tem ocorrido é uma cobrança das empresas ou da própria pessoa, indo além do limite do que ela pode e deve fazer, extrapolando os horários de trabalho e gerando sobrecarga.
O home office, assim, também requer bastante confiança entre chefes e colaboradores. É preciso pensar em métricas de produtividade sem extrapolar os horários do expediente. Isso cabe tanto para o empregador quanto para o colaborador. Até a consultora de Imagem Mariella Fassanaro, que trabalha em home office há seis anos, vez ou outra avança o limite, mas dá uma dica:
“É preciso rigidez para respeitar os próprios limites. Emendar longas horas e trabalhar longos turnos não significa que a missão foi bem-sucedida. O cérebro precisa de pausas pra não ter queda na produtividade e voltar ao pico de criatividade”. Tem gente que para de hora em hora, tem gente que aguenta bem duas horas sem parar. Mas é preciso levantar, fazer alongamentos, caminhar, buscar água, ir ao banheiro”, explica Mariella.
Aqui, vale mencionar o esquema a seguir: intervalos de 90 minutos, em média, valem ouro! Outras formas podem envolver uma boa caminhada, musculação, treinamentos funcionais, alongamentos diários, um papo com um amigo ou vizinho, uma meditação de 30 minutos a 1h no silêncio ou com uma música relaxante, uma saída para levar o cachorro ou as crianças para passear no parque. Enfim, atividades que permitam o corpo, o cérebro e todo o sistema mental e emocional oxigenar, lembrando do essencial e da vida que continua a pulsar! Tudo pode ser pretexto para movimentar o corpo.

O consultor de carreira Emerson ainda afirma que, para amenizar isso, as ferramentas digitais são decisivas: “Uma coisa importante é aprender a usar tecnologia de compartilhamento para que, mesmo de casa, você consiga falar com mais pessoas”. No final de 2020, a Microsoft registrou alta de 500% no número de reuniões virtuais por meio do Teams. Outros apps que registraram aumentos foram Zoom, Google Meet, Slack e Skype.
Se na sua empresa o home office começou de forma atropelada, pode ser que após a pandemia o processo seja gradual, já se falando em treinamento para esse tipo de serviço. “O mais comum é que as pessoas façam trabalho remoto duas vezes por semana, é o natural. Em uma situação normal, essas pessoas são treinadas para continuarem produtivas e para o chefe confiar nelas”, diz Andre Brick.
Vale ressaltar que isso já ocorre, tendo em vista a demanda crescente de procura por trabalho remoto em diferentes áreas e setores empresariais. Daqui a pouco, saber trabalhar assim vai ser critério para você conseguir vaga de empregos ou não. “A gente percebe muito isso acontecendo, as empresas já estão buscando esses profissionais que sabem e são capacitados para trabalhar remotamente, a gente sabe porque capacitamos essas pessoas, elas ficam mais valiosas no mercado”, acrescenta Andre.

5 Dicas para Ser Produtivo(a)
Além das dicas já mencionadas, a CEO e fundadora da Recrute Já, empresa especializada em recrutamento e seleção de pessoas, Beatriz Santos, dá cinco dicas que podem ajudar você a se adaptar ao trabalho em casa.
- Mantenha uma rotina bem estruturada, com horários específicos para cada atividade ao longo do dia. Isso favorece a qualidade e os resultados positivos.
- Defina uma agenda de trabalho durante a semana. Pode ser feita uma lista no começo da semana, com as atividades já separadas de acordo com os dias. Dessa forma, ao longo da semana, basta seguir o cronograma planejando, tornando o expediente mais organizado e eficiente.
- Estabeleça uma meta ou objetivo pessoal. É um incentivo para se manter produtivo(a) e empenhado(a);
- Construa um ambiente de trabalho tranquilo e silencioso (na medida do possível). Você vai preferir um local sem muitas distrações e mais afastado de outros possíveis moradores.
- Faça exercícios. Por último, mas definitivamente não menos importante, está a sua saúde. É indicado fazer exercícios de alongamento a cada hora trabalhada, principalmente neste período em que, sem sair de casa, é comum ficar menos ativo.
- E aqui, acrescento mais um item imprescindível: procure dormir bem, alimentar-se bem e exercitar diariamente o autocuidado. Trabalhe e reconheça os seus limites sem precisar chegar à exaustão – delegue funções se preciso for. Excesso de trabalho não é sinônimo de saúde e produtividade: essa é uma lição que o nosso corpo e o nosso cérebro nos cobram mais tarde.
PESQUISA E DESAFIOS
- 43% das empresas brasileiras adotaram o home office como principal modelo de trabalho durante a pandemia.
- 60% dos funcionários das empresas que adotaram o home office estão trabalhando de casa.
- Adaptação das atividades presenciais para virtuais (61%);
- Gerenciamento remoto da equipe (45%);
- Infraestrutura tecnológica (43%);
- Aplicação do trabalho remoto a todos os níveis da organização (40%);
- Nível de digitalização dos processos (20%).
Aprofunde essas dicas priorizando o seu autocuidado! Leia também: A Importância do Autocuidado para Melhor Cuidar
Por Luciane Strähuber – Consultora e Terapeuta Integrativa
Fonte complementar do artigo: Home Office após a quarentena | Fonte da pesquisa: Betania Tanure Associados (BTA).
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